2 de Agosto de 2013 – Zeca, 84 anos de vida

jose-afonsoPortugal tem destas dicotomias. Anda toda a gente preocupada em estar na moda, a cantar a “Grândola, vila morena”, mas completamente esquecida do seu compositor. José Afonso, se fosse vivo, faria hoje 84 anos. E se os fizesse em vida, por certo outro galo cantaria. Zeca não deixaria que a música portuguesa se desenraizasse. Não deixaria que o povo se tornasse amorfo. Não permitiria que se desrespeitasse a arte e os artistas. Zeca partiu cedo. Como os heróis. Esquecido. Ajudado por de quem menos esperaria. Portugal preferiu outros cosmopolitismos. Preferiu enterrar essa irmandade de sangue com África, e procurar falsas relações com outros universos. Fez uma opção. Zeca, como é próprio dos génios, resistiu. Ao ponto de, de forma silenciosa, poder rir com a forma acéfala como o povo se apropria da sua canção e se esquece dele. Ou pensa que se esquece, porque, na realidade, é impossível ele não estar aqui. Sempre.

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