As palavras. Algo de tão imediato, tão natural, tão fácil. Algo que nos habita antes mesmo de as dizermos, de as tornarmos reais. Antes de tudo, elas já nos habitam. Por isso, por essa facilidade, não nos damos conta da sua preciosidade. De como, alinhadas convenientemente, na proporção certa, medidas, organizadas, podem constituir verdadeiras preciosidades. As palavras são, na realidade, preciosidades. Valiosas. Valiosas demais para serem desperdiçadas, mal alinhadas, usadas apenas porque sim. Grandes filósofos, grandes pensadores, grandes escritores, grandes oradores usaram exactamente as mesmas palavras que temos à nossa disposição. A diferença está no génio com que, como um engenheiro, calculam a melhor combinação. Na arte com que, como um pintor ou um escultor, as alinham. Na musicalidade com que nos fazem dizer cada uma delas. E, no entanto, são apenas palavras.