10 de Fevereiro de 2013 – Os que vieram de África

africaAndo a namorar este livro, mesmo sem saber muito bem o que tem dentro. O título, porém, basta-me. Seduziu-me. Tenho-o. Posso não o ler todo tão cedo, mas hei-de ir passando os olhos pelas páginas. As histórias repetem-se um pouco, essencialmente na forma como muitos “retornados” tiveram de refazer as suas vidas a partir do nada, depois de terem vivido em terras onde o clima e a sociedade eram radicalmente diferentes. Em alguns casos, terão esperado 20 anos para voltarem a sentir a modernidade que conheceram antes do 25 de Abril. Os números vêm no livro, e devem, por isso, ser verdadeiros. Cerca de 500 mil portugueses de além-mar regressaram à metrópole, passando, a partir de então, a deixar de ter raiz. Não eram daqui, como não eram de além-mar. Um Portugal que, de repente, deixou de ser uno e indivisível, passou a ser uma espécie de terra de ninguém. Que não conseguiu acolher os “retornados” como prometia. Que se enganou em todas as previsões e em todas as medidas pensadas para resolver a dificuldade de receber tanta gente, mais do que a esperada. A voracidade da liberdade acabou por ser madrasta para alguns. E, para esses, os que vieram de África, talvez ela não tenha existido. Porque terminou quando outros a exerceram de forma tão ampla, que a que lhes restava deixou de existir.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *