O suposto fim dos jornais em papel é um debate antigo, mas que atingiu contornos de inevitabilidade mais recentemente, à mesma velocidade das inovações tecnológicas. A internet é o local da gratuitidade, o sítio de todas as possibilidades, à distancia de um clique e, de preferência, sem qualquer custo. Até determinada altura, os jornais pensavam que podiam sobreviver a esse cenário apenas com base nas receitas publicitárias. Redondo engano. A crise veio fazer retrair os investidores, que começam a pensar a sua intervenção publicitária de uma forma muito mais cirúrgica e directa, sem precisarem dos “lençóis” de jornal. Neste processo, houve jornais, como o “New York Times”, que pensaram atempadamente em alternativas, mesmo que se tivesse, numa primeira fase, de ressentir disso na própria carne, com o despedimento de 30 trabalhadores, em Dezembro último. Em suma, o “Times” passou a disponibilizar conteúdos pagos, oferecendo exclusividade no acesso a informações a assinantes. Resumindo, com esta estratégia, o jornal norte-americano conseguiu reverter a dependência da publicidade, e prestar um serviço de maior proximidade com o leitor. As receitas falam por si. No último ano, a venda de conteúdo rendeu ao “Times” 953 milhões de dólares (703,3 milhões de euros), enquanto a publicidade se ficou pelos 898,1 milhões de dólares. Os números falam por si.