Moçambique está a braços com uma cheia tremenda, que já vitimou 26 pessoas, para além de 68 mil desalojados. Segundo a ONU, terão sido afectadas pela intempérie quase 85 mil pessoas. As chuvas não dão tréguas, as barragens não comportam tanta água, e os rios vão transbordando por onde passam. Custa ver imagens, ainda que fugazes, porque a actualidade parece estar sempre em outro sítio, de um povo, já suficientemente martirizado, a olhar resignado para o que a Natureza resolveu fazer-lhe. O apelo de Alberto Vaquina, Primeiro-Ministro do país, é desolador. Vaquina vê-se forçado a pedir a quem pouco ou nada tem que seja solidário. Custa ver Moçambique ser levado, assim, na correnteza das águas furiosas. E queixamo-nos da crise, das faltas que sentimos. É bem verdade que com o mal dos outros podemos nós bem. Mas olhar um bocadinho para fora do rectângulo não será mau.