Portugal é um país de paradoxos, já devíamos estar habituados. Primeiro, em troca de auto-estradas a ligar todo o país, pediram-nos que deixássemos de produzir. A agricultura passou a ser algo de parolo, e os produtores viam-se na contingência de usar os seus produtos como fertilizante, quando não tinham de os levar directamente ao lixo. A voragem da corrida ao subsídio para a inércia ajudou, também, a que hoje andássemos por aqui. Agora, quando nos vimos na contingência de termos de “travar a fundo”, a solução milagrosa parece estar no retorno aos campos. O que outrora era parolo, hoje é “giro”, talvez “in” ou até “na moda”. É interessante, esta viragem. E mais interessante seria se a encarassem como deve ser. Talvez começando por deixar de lado o habitual estigma da “aldeia” ou do “Portugal Profundo”. Porque é exactamente aí que há lugar para esta agricultura, para qualquer agricultura digna desse nome. Era bom não esquecer.
“Estamos especialmente empenhados em garantir meios suficientes e justos para que o extraordinário desempenho do sector agrícola português, que cresce como país em recessão, possa continuar a gerar emprego e riqueza.”
(Paulo Portas, Ministro dos Negócios Estrangeiros, no I Fórum Portugal-Alemanha, na Fundação Gulbenkian, perante numa audiência repleta de alemães, entre os quais o seu homólogo, Guido Westerwelle)