Parece consensual que Portugal precisa de mais tempo para pagar a dívida externa. Diminuir o Estado parece ser outra receita. E a soma das duas premissas, deixa-nos, como resultado, a pergunta: “que Governo?” A diminuição de consenso vai diminuindo, à medida que vamos avançando nesta espécie de silogismo, ao que transparece por razões meramente políticas, para não dizer eleitoralistas. É preciso diminuir o peso do Estado, que consome três quartos da receita que gera. É duro. É difícil. Custa. Mas as contas são simples de fazer. Como alguém dizia, numa metáfora simplista, não podemos ter, ao mesmo tempo, o bolo e a fome ou a vontade de o comer. Temos de nos decidir. O Partido Socialista, ao que parece, não quer sequer discutir qualquer tipo de corte, apesar de se ter comprometido, no memorando, a contribuir para isso. O Governo vai ficando “encostado às cordas”, sem saber se opta pelo bolo ou pela fome. E nós, cada vez mais, sem sabermos se há alguém capaz de nos governar decentemente. Porque parece que de nenhum dos lados vem uma solução concreta, justificada, acertada.