Deve ser genético. Pensarmos que uma fronteira separa claramente dois espaços. No caso, que a meia noite separa dois tempos. Dois anos diferentes. Formulamos desejos, fazemos um balanço do que passou, verificamos que talvez não tenha sido tudo tão mau como pensávamos. E esperamos que o novo ano chegue, depressa, se faz favor, para tentarmos convencer toda a gente (e nós mesmos) que «ano novo» é mesmo «vida nova». Ou talvez não. A fronteira, neste caso, é apenas algo que separa um dia de outro dia. Um dia igual a outro dia. Talvez os olhos com que olhamos para a frente sejam diferentes. Ou apenas os «óculos». Fazemos contagens decrescentes, a pensar que agora é que vai ser, o mundo vai mudar, os sonhos vão concretizar-se, desfilam diante dos nossos olhos os bons momentos de um ano e os projectos para outro. Tudo muito rápido, 5, 4, 3, 2, 1…