22 de Dezembro de 2012 – Como organizar Portugal

organizar-portugalO atraso em Portugal é qualquer coisa já assimilada como normal. Chegamos atrasados aos compromissos, da mesma maneira que o país chegou atrasado ao Modernismo, chegou atrasado à convergência europeia e continua atrasado em relação ao desenvolvimento e ao bem-estar da generalidade dos povos europeus. Fernando Pessoa, que, para além de poeta, foi um exímio pensador, escreveu um pequeno ensaio, interessantíssimo. Do início ao fim, exercita a lógica em torno do que falta para (re)organizar Portugal para um futuro melhor. Pelo menos, para um futuro mais convergente, mais equilibrado, mais condigno com as nossas aspirações e, sobretudo, com o que fomos (ou nos dizem que fomos), nos livros de História. Em suma, Fernando Pessoa dizia, em 1919, que Portugal apenas precisa de duas coisas: educação e empreendedorismo. Cem anos, e continuamos sem aprender nada de útil para a vida.

“Educação simultaneamente da inteligência e da vontade, transformador ao mesmo tempo da mentalidade geral e do atraso material do país, o industrialismo sistémico, sistematicamente aplicado, é o remédio para as decadências de atraso, é, portanto, o remédio para o mal de Portugal. E se, de há muito, esse remédio nos tem sido necessário, na conjuntura presente, em que, pelas condições da indústria moderna, pode ser rápido e, pelas condições gerais da civilização, tem que ser urgente, passa de ser uma necessidade para ser a primeira de todas as necessidades. Detalhar esse plano fundamental, assentar as suas bases práticas, estabelecer o modo de lhe dar realização – nenhuma destas coisas é objecto deste estudo ou assunto da minha competência. O que me cabia fazer está feito”.

(Fernando Pessoa, in Como organizar Portugal)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *