Nem sempre o Vaticano faz a única coisa errada possível. De vez em quando, e mesmo que a história pareça dizer o contrário, os purpurados, prelados e o próprio Papa acertam nas decisões, com os respectivos riscos e as consequências devidas. Pio XII foi o protagonista de uma dessas «decisões decisivas», quando, sem grande alarido, e sofrendo mesmo críticas severas (e injustas), resolveu fazer tudo o que podia para salvar o máximo de judeus romanos. Pio XII pode ter sido um Papa silencioso, enquanto o Holocausto se dava ante os seus olhos. Mas, mais do que as palavras (e podemos ver que foram muitas), foram as obras que se evidenciaram. E que, mesmo assim, não foram muito valorizadas. Gordon Thomas conta, agora, a história desses tempos, com uma prosa cativante, em «Os Judeus do Papa». Traços de uma rede de padres, freiras e leigos católicos que arriscaram a vida para ajudarem os seus irmãos judeus a escapar da «solução final». A «voragem literária» prossegue, por aqui.