E regressa a dor da mão que se larga. Lentamente. Dedo a dedo. Como uma despedida sofrida. Em silêncio. E ondas de espuma marinha que perguntam porquês sem sentido. Dores diferentes, e sempre a mesma. A da ausência. A do querer sentir tudo de todas as formas. A de se tentar saber o que se sente, sem se saber. A dor do silêncio. A da saudade de percorrer todo o mundo na palma de uma mão. Sentir-te na ponta dos dedos. Pudera eu ter as palavras que me faltam. Para que as mãos, apesar de distantes, permaneçam entrelaçadas. De novo à descoberta. De nós.
6 de Dezembro de 2005: “A dor da mão que se larga”, in “Marinero in Tierra”
Foto: Ana Sofia Silva