Os cortes são generalizados, e já se fazem sentir, especialmente junto dos que menos têm. Até aqui, nada de novo. O problema é quando esses cortes, em muitos casos cegos ou com a cegueira de querer obedecer apenas a números, começam a atingir quem já estava a lutar para fazer muito com quase nada. Os ditos representantes do sector cultural começam a fazer ouvir a sua voz a nível nacional, mas há vida para além disso, e é para esses, constantemente esquecidos, que é preciso olhar. Pelo país fora, especialmente no «Portugal profundo», no tal «interior esquecido e ostracizado», há um sem número de associações culturais, recreativas e desportivas que lutam pela sobrevivência, mas que, mesmo assim, se revestem de uma importância decisiva para a identidade dos locais onde trabalham. Há quem esteja, «de graça e a seco», como se costuma dizer, ou apenas com pequenas e pontuais ajudas das autarquias, a fazer cultura ao nível dos que estão a lutar para manter os subsídios que recebem do Estado. É por esses e para esses que é preciso olhar. Porque não é só cortando nos subsídios que se mata a cultura. É, essencialmente, aqui.