Alguns países constroem muros para estabilizarem as suas fronteiras. Outros para impedirem a imigração. De uma forma geral, procuram fazê-lo para conseguirem alguma estabilidade, mesmo que à força. Em Portugal, estamos, uns por quererem, outros talvez sem, a construir um muro que pode ter outro tipo de consequências. Induzidos por uma espiral recessiva esquizofrénica, fechamo-nos, cada vez mais, sobre nós mesmos, e o muro metafórico que com isso vamos construindo torna-se, pedra a pedra, intransponível. No alicerce disto tudo, temos um (des)governo, que parece não ter alternativa, perante uma dívida quase impossível de saldar, fruto de sucessivas más gestões. Depois, há as patacuadas que os políticos vão sobrepondo, pedra a pedra. Há, ainda, pedra a pedra, as manifestações estéreis, que exteriorizam descontentamento, mas não resolvem o problema nem apresentam alternativas viáveis. Por fim, na voragem de ter alguma coisa para dizer, sem se aperceber que cada muro tem dois lados, há aquilo a que chamamos de comunicação social, que nem sempre olha de cima do muro para os dois lados, e mais frequentemente só olha para a pequena pedra que impede mais uma fila de pedras maiores de se alinharem. Portugal está assim. Desorientado. Necessitado de uma qualquer medicina alternativa que o ajude a encontrar um caminho para a cura. Porque a medicina convencional, já se viu, não resulta.