Embora já com interrupção anunciada, lanço-me na leitura ávida da quase auto-biografia de Fernando Pessoa, de José Paulo Cavalcanti Filho. Os brasileiros têm esta enorme vantagem sobre nós, que é conseguirem falar de coisas complicadas de uma forma tão genuinamente simples, que todos conseguem entender. Cavalcanti Filho foi reler os milhares de páginas do poeta, revistar e reviver os locais e percursos de Pessoa, foi redescbri-lo na teia do tempo e da cidade que descreveu, habitou, viveu. O livro já me tinha cativado muito antes de o conhecer, ouvindo o autor em entrevista, há algum tempo. Hoje regresso a esse Pessoa por trás do poeta fingidor, ele, vários. Mesmo com interrupções. Para uma nova viagem.
Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro. Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim. Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei. Eu reinei no que nunca fui.
(Fernando Pessoa)