A maioria de nós (senão todos) olhamos para a música como para um cd ou um ficheiro que temos no computador, e reproduzimos quando e como queremos. Prevemos como vai soar, porque conhecemos, e é precisamente no contrariar esta previsibilidade que a música tem de se concentrar. A música pode ser (e é) muito mais do que isso. Ela pode ser interpretada de formas inovadoras e, sobretudo, ensinada enquanto se ouve. Era bom que os músicos se dedicassem a ir mais longe do que a mera interpretação, procurando, antes de mais, a descodificação. Pessoa dizia que a poesia é para comer. Pois bem, a música também pode ser poesia. E pode querer dizer muitas coisas. Que, quando bem ditas, têm muito mais eficácia do que apenas debitadas.