19 de Abril de 2012 – «Construir o inimigo»

Umberto Eco preferia chamar-lhe «escritos ocasionais», mas um homem da semiótica e da semiologia não conseguiria deixar que um título fosse tão leve. Trata-se, de facto, de uma série de escritos ocasionais, em que o autor foi respondendo aos convites para conferências ou pequenos ensaios temáticos sobre assuntos de que, à partida, não estava à espera. O primeiro, chama-se mesmo «Construir o Inimigo», e agarra-nos logo na primeira linha. Na primeira frase. Na primeira palavra. Eco conta-nos a história dos inimigos desde que se consegue reflectir sobre isso. Cita-nos fontes históricas. «Olha-nos» o inimigo, observa o conceito, de todos os ângulos possíveis e imaginários. E depois, parece que nos conta a história. Depois, há textos sobre o Absoluto, o Fogo, o porquê de chorarmos a sorte de Anna Karenina, as astronomias imaginárias, os tesouros das catedrais, as Ilhas Perdidas, Victor Hugo e seus excessos, o mecanismo do reconhecimento no folhetim, a ventura ou desventura de Joyce na época fascista, e um pequeno grande «etc.».

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *