Sá Carneiro é um verdadeiro mito da vida política portuguesa. O seu percurso de vida, e sobretudo a forma como o concluiu, deixam em aberto um enorme espaço para um enorme «se». Como seria «se» Sá Carneiro não tivesse mudado de ideias à última da hora, «se» tivesse vivido para perder as eleições presidenciais, «se» muitas das suas ideias tivessem sido (ainda mais) seguidas. Mas um voo repentino para a morte acabou com todos os «ses», e ficou apenas esse imaginário, ainda a preto e branco, de um homem aparentemente frágil, mas imensamente forte. Maria João Avillez, ainda «a quente», escreveu «Solidão e Poder», provavelmente a mais antiga (e mais afectiva) biografia de Sá Carneiro. Um livro a que regresso. Talvez levado pelo título. Ninguém melhor que Sá Carneiro consegue juntar, lado a lado, as palavras «solidão» e «poder».