Zeca. Foi precisamente neste quarto que te descobri, agarrado a um leitor de cd’s e a um gravador de cassetes, enquanto ia ouvindo a gravação que fazia do teu último concerto. Lembro-me, ainda pequeno, de ouvir-te partir. Busquei-te em vários acordes de guitarra. Descobri-te em muitas melodias. Tu és muito do que é (e do que deveria ser) a (boa) música portuguesa, mesmo que se atrevam a dizer que «não sabias música», como se o «saber música» se cingisse ao saber ler o que se escreve na pauta. A música vai muito para além disso, e a tua música vai ainda mais além de tudo. Tu és maior que o pensamento. Portugal não soube engrandecer-te, e quase te abandonou, porque, no fundo, era demasiado pequeno para ti. Obrigado, Zeca, por teres aparecido por cá.
[audio:http://aminhaagenda.aroucaonline.com/wp-content/uploads/2012/02/Era-um-redondo-vocábulo.mp3|titles=Era um redondo vocábulo (Opus Ensemble)]«Era um redondo vocábulo» (José Afonso) | Opus Ensemble