16 de Fevereiro de 2012 – Mais do que discutir o desemprego, procurar porquês

Vai ser notícia durante muito tempo, porque ainda vai ser pior. A taxa de desemprego em Portugal já é a quarta mais alta da União Europeia (Espanha, Irlanda e Grécia são os restantes). Números do Eurostat, em Dezembro chegámos aos 13,6%. As televisões vão abrir telejornais com estes números, fazendo contas a quantos portugueses não têm emprego. Vão dissecar as razões, e vão chegar, direitinhas, ao destino da crise, e do pretenso excesso de austeridade como explicação para tudo. Estes são os óculos que nos vão querer colocar. Mas nós sabemos que a verdadeira explicação não está só aqui. Está também num modelo de escola que veio, desde há décadas, decrescendo progressivamente de qualidade, à medida que os números do desemprego subiram. Porque nos foram dando uma escola cada vez mais fácil, cada vez mais simples, cada vez menos exigente e, sobretudo, cada vez mais desligada do mercado de trabalho. A escola deixou de ensinar profissões, e passou a fabricar «estudiosos». Fruto de novas e velhas oportunidades, temos um país de doutores. Ficamos com alguns bons, exportamos os excelentes. E, no fim, por entre a mão cheia de nada, ou de muito pouco, sobram-nos estes números. Redondos como a ignorância que nos vendem, que nos dão de graça. E muitos de nós aceitamos de bom grado.

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