Quase a terminar a espreitadela pela «Claraboia» de Saramago. São várias histórias dentro de uma história, que raramente se cruzam. É, talvez, como o próprio Saramago o disse, um livro ingénuo, mas que, à medida que se descobre, deixa, no mínimo, um pensamento relevante. Sobre o que se pensa, o que se diz, o que se pensa mas não se diz, o que se diz e não se pensa. As acções e reacções, interpretações, conversas ruidosas ou silenciosas. E, a certa altura, parece ouvir-se discutir entre si o rapaz e o homem, dentro da mesma pessoa. Sobre a forma como o amor pode ou não pode mudar o mundo, seja pelas acções de um errante pessimista, ou de um sapateiro, cuja vida essencial é consertar os sapatos que prendem os homens ao chão. Tudo isto visto da «Claraboia», que, apesar de já estar vertida no novo (des)acordo ortográfico, se começa, agora, a fechar. Ficando sempre uma pequena luz. A que nos faz pensar sobre o que se pensa, o que se diz, o que se pensa mas não se diz, o que se diz e não se pensa.