26 de Dezembro de 2011 – Senhor Primeiro-Ministro, eu talvez queira emigrar

Senhor Primeiro-Ministro:

Fiquei a pensar nas suas palavras, exortando-nos a emigrar, e cheguei à conclusão que talvez queira responder afirmativamente ao seu repto. Eu queria, de facto, viver num país melhor, que reconhecesse melhor as minhas capacidades, por muito poucas que sejam. Queria viver num país em que a carga fiscal que me é imposta fosse bem empregue por essa entidade semi-abstracta chamada Estado. Sonho com uma situação laboral que não faça recair sobre mim todos os descontos para o IRS, IVA, Segurança Social e outros «etecéteras». Ajude-me, por favor, a ir para um país onde haja oportunidade de fazer coisas, onde se invista na cultura e nas artes, onde não se reclame o dinheiro que se dá para as actividades que contribuem para o enriquecimento do espírito. Eu gostava de viver num país onde não tivesse de reclamar durante décadas para ter um acesso condigno às grandes vias rodoviárias, e poder, a partir de casa, chegar facilmente aos sítios onde as coisas acontecem. Senhor Primeiro-Ministro. Eu talvez queira emigrar. Mas preferia que fosse para um outro Portugal.

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