23 de Dezembro de 2011 – Carta ao Pai Natal

Pai Natal, meu amigo.

Eu, na realidade, não sei o que quero. Para te ser sincero, acho que, assim de repente, não quero nada. Penso e volto a pensar, dou voltas à cabeça, e aquilo que eu acho que quero é que concretizes os desejos das outras pessoas. É isso. Já que não posso pedir a felicidade, porque essa malvada é como o dinheiro, quanto mais temos mais queremos, peço-a, indirectamente, para todos os outros. Acho que passo bem com a meia vazia, desta vez. Pensei em coisas, mas cheguei à conclusão que talvez não ficasse mais feliz com elas. Pensei em desejos mais rebuscados, mas pareceu-me demasiado egoísta querer fazer o tempo andar para trás, ou para a frente. Pensei, ainda, em voltares a trazer-me algumas das pessoas que me levaram, mas isso eu sei que tu não consegues. Às vezes gostava de ser tu. Fui só uma vez ou duas, mas a fingir, e a barba caiu-me depressa. Queria, para poder concretizar desejos. Desejos dos outros. Acho, no fundo, Pai Natal, meu amigo, que este ano, por breves momentos, eu vou querer apenas ser tu. Para, no caso de tu não o fazeres, concretizar o desejo de todas as pessoas do mundo. E voltar, calmamente, para o Pólo Norte. Hibernar. Até ao próximo ano. Perdoa-me pela minha falta de materialismo, e permite-me que te gabe a cor do fato. Trata bem do Rodolfo e das outras renas. Viaja com cuidado, porque em Arouca o frio é quase igual ao que tu conheces. Não te constipes. Faz, por favor, o que te peço. E falaremos depois, com mais calma.

Aceita um sincero abraço de Feliz (Pai) Natal.

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