E se, de repente, Portugal deixasse de existir? É a pergunta fundamental para a qual o sociólogo António Barreto nos alerta, hoje. O mundo está em profunda mudança. Fala-se e deixa-se de falar em soberania com demasiada facilidade. Procura-se outro modelo europeu, que não se sabe bem qual. A reflexão de Barreto foi feita durante o arranque do ano lectivo do Instituto de Estudos Académicos para Seniores, na Academia das Ciências de Lisboa. Aconteceria em Portugal o que aconteceu na Ilha de Páscoa, no Pacífico, «desaparecida» devido às decisões e à forma de vida dos seus habitantes. E para isto contribuem, na sua opinião, situações como as que recentemente demonstraram que os políticos nos fazem viver, por vezes, numa realidade ficcional, escondida nos livros de facturas por pagar, disfarçada de um desafogo que nunca existiu, nas nuvens de projectos ambiciosos, quando a terra que pisamos nos puxa, com a força da gravidade, para uma situação de falência iminente.
«É possível que Portugal, daqui a 30, 50, 100 anos não seja um país independente como é hoje».
«Convém perguntarmos o que vai acontecer no futuro».
«[Jared Diamond] diz que são gestos e comportamentos deliberados, não para se matarem nem para se extinguirem, mas que não têm consciência que estão gradualmente a destruir o seu próprio habitat, a sua própria existência».
«Cito o caso [dos povos desaparecidos] porque, muitas vezes, quando se discute o caso de Portugal ou da Europa tem-se sempre a ideia de que as coisas são eternas, que tudo é eterno, e agora não é».
«Os nossos gestos de hoje, as nossas decisões de hoje, sem que muitas vezes percebamos o quê e como, vão mudar e construir as grandes decisões daqui a 50 ou daqui a 100 anos».
«Depende da nossa liberdade e das nossas decisões de hoje saber o que vamos construir daqui a um século».
(António Barreto, no discurso de abertura do ano lectivo do Instituto de Estudos Académicos para Seniores, na Academia das Ciências de Lisboa)
Mas afinal, o Muro mantém-se, só que alargou…
Daqui a cem anos nem eu nem o primo António estaremos cá
E o último a sair sff feche a porta que a corrente de ar faz-me mal…
A ética teleológica…O primo António anda a ler umas coisas…