Em Portugal nada é segredo. Quanto mais não seja, porque se diz, porque se comenta, porque alguém que está por dentro disse. E estimula-se essa espécie de «fofoquice» que envolve o meio político e o empresarial, que são sempre os primeiros a andar de mãos dadas. Toda a gente sabe (lá está, a frase chavão) que os serviços ditos secretos, em Portugal pelo menos, de nada servem, a não ser para darem «inside information» a políticos sobre empresários e a empresários sobre políticos, e a políticos sobre políticos e a empresários sobre empresários, e pouco mais. É apenas uma ampliação da aldeia a que tanto os citadinos, ditos urbanos e cosmopolitas, querem fugir. A Noruega chamou-nos a atenção para um problema que, de facto, existe. O extremismo. O racismo. O nazismo. Camuflados, mas em actividade, em expansão, em presença, de quando em vez. Mas sobre isso, as secretas não dizem nada. Apenas sobre coscuvilhices domésticas. E pouco secretas.
«Quem, por sorte ou azar, já leu algum relatório do SIS percebe não só a incompetência e a falta de informação como o primarismo das análises e a demência de muitas conclusões. Dito isto, chega de nevoeiro. Os serviços secretos não são nenhuma prioridade da pátria. São apenas palcos em que se travam guerrazinhas imbecis de poder e de coscuvilhice entre homens e mulheres que adoram andar de avental às escondidas.»
(António Ribeiro Ferreira, em artigo de opinião no jornal «I»)