Aparentemente pela primeira vez, Sócrates deixou-se levar pela emoção e deixou o coração falar mais alto. O ainda Primeiro-Ministro e ainda secretário-geral do PS fez hoje as despedidas na Comissão Nacional do PS, de forma emotiva, com uma frase enigmaticamente sentida: «eu adoro-vos». Um homem que sempre procurou deixar as emoções de lado, apesar de não abdicar do seu olhar profunda e expressivamente furtivo, deu asas ao coração, hoje. Na hora da despedida. Em privado. É pena que, para a história profundamente mediática deste político, não fiquem registadas as suas «últimas palavras». Que, no que diz respeito ao carácter enigmático, competem, lado-a-lado, com o «mais luz», de Goethe.