31 de Maio de 2011 – O mar…

Hoje não me apetece a música. Só o som do mar e o texto que Fausto musicou sobre ele. O mar. No abraço forte e constante à brisa. No embalar das ondas. No som da renovação constante. Esquecer quase tudo, por um momento, e deixar o pensamento entrar por esse mar adentro. De mão dada com a vida. Para que abrace, embale, renove. Tu. Comigo. O mar.

O Mar | Fausto Bordalo Dias

E todo o mar se cobriu de infinitas riquezas
de anil e sedas e jóias e de odoríferas drogas
de si deitava nas praias moscatéis e licores
adoçando de sua bravura
o mar
nas margens adamascadas andam náufragos dispersos
mariscando lagostas ostras choupas taínha
se bebem vinhos distintos de singulares aromas
se anda ao longo da costa em ofertas

o mar

E entregou Leonor
seus cabelos aos ventos
na quietude tão só tão ausente de tudo
e mais quieta era a luz
no sossego das águas
e uma música escorre dos céus
devagar

E fazem tendas de aduelas de alcatifas majestosas
de outras peças de ouro e prata de cambraias e cetins
cobertas de colchas vermelhas de rosários de cristal
mas mais garrido do que toda aquela praia
o mar
e fazem velas das camisas e outras de damasco verde
as amarras de outros panos de veludo carmesim
de um remo fizeram o mastro
e a enxárcia de uma linha
e tão docemente embala este batel
o mar

Se todo o mar se cobriu de infinitas riquezas

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