A política é cada vez menos genuína. Os discursos são feitos à medida, ao minuto. As máquinas partidárias não deixam nada ao acaso, e têm sempre o cenário pronto para os comícios, para as fotografias, para a televisão. Há algum tempo, aquando da célebre encenação de Sócrates na Praça Brandão de Vasconcelos, pudemos ter uma noção do que são estas máquinas e do que é esta encenação. Cada um entra com a sua parte. Os «spin doctors» com as ideias e os argumentos arrumados para que o discurso resulte. O «staff» com as voltas pensadas e os «timings» ajustados aos respectivos locais. E, depois, uma caravana de pessoas que são transportadas para agitarem bandeiras e gritarem palavras de ordem. Mesmo que a centenas de quilómetros de distância do sítio onde vivem.