28 de Abril de 2011 – O tumor

A imagem de um furúnculo, para nos compararmos à sua aparência, já seria violenta o suficiente. Mas no famoso «Górgias», que Viriato Soromenho Marques cita hoje nas páginas do «Diário de Notícias», a violência da metáfora é mais intensa. Um tumor. Um tumor onde está a complexificação e a burocracia do que é simples, os amigos dos amigos fazendo nada e recebendo muito, uma justiça que não funciona, um Estado muito maior do que deveria ser, um amontoado de obras desconexas, desnecessárias e sobrepostas. Se tudo isto fosse um furúnculo, talvez o FMI o pudesse espremer e esvaziar. Sendo um tumor, talvez a cura seja mais difícil.

«Diz-se que fizeram grande a cidade, mas não se vê que ela está apenas inchada, que esta grandeza que lhe criaram é uma espécie de tumor (…) encheram a cidade de portos, estaleiros, muralhas, impostos e outras bagatelas do género».

(in «Górgias»)

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