No editorial do jornal «i» de ontem, Ana Sá Lopes é absolutamente arrasadora no retrato que faz do (ainda) Primeiro-Ministro de Portugal. O mesmo Primeiro-Ministro que, acreditando na análise (também ela arrasadora) de Freitas do Amaral, vive num mundo irreal. O mesmo Primeiro-Ministro que insistiu que não precisávamos de ajuda externa, mesmo depois do Ministro das Finanças ter dito que o sinal de alarme seria a subida das taxas de juro da dívida pública acima dos 7%. Esse mesmo Primeiro-Ministro, prossegue, qual «bulldozer», cilindrando quem tiver de cilindrar para fazer vingar as suas decisões. Nem que, nos intervalos, tenha de deixar cair quem o sustentou. Teixeira dos Santos não será candidato a nada. O mesmo sucede com Luís Amado, que cometeu a (im)prudência de dizer, em pleno congresso do PS, «levámos o país para o abismo». E o mesmo sucede, sabe-se agora, com Ana Paula Vitorino. Provavelmente por ter resistido a colaborar nas negociatas do processo «Face Oculta». Agora, Sócrates entretém-se a distribuir notícias pela comunicação social, elogiando a sua governação e a sua gestão, quase dando a entender que nem sequer temos cá uma delegação do FMI. Portugal cresce, a economia cresce, no primeiro trimestre do ano quase parecíamos a Alemanha, de tão desenvoltos que estávamos. Portugal: pára e pensa. Os cães passam e a caravana ladra.
«Quem leu as escutas do processo Face Oculta percebe claramente o porquê do afastamento de Ana Paula Vitorino: provavelmente, mesmo que não tivesse testemunhado nos termos em que testemunhou no processo, a resistência de Ana Paula Vitorino no governo a variados negócios (como fica claramente sugerido da leitura das escutas) poderia ter sido suficiente para ditar a sua sentença de morte no universo socrático».
«Quem se mete com Sócrates e amigos leva, leva sempre. Não é quem se mete ao estilo de Ferro Rodrigues ou de Manuel Alegre, agora recuperados para a família. É quem se mete onde verdadeiramente dói e onde dói a Sócrates não é nas divergências quanto a políticas sociais, legislação laboral ou rendimento social de inserção. O que verdadeiramente dói são assuntos aborrecidos chamados processo Face Oculta, Figo e Taguspark, licenciamento do Freeport em vésperas de eleições, tios e filhos de tios, professores virtuosos, compra de casa de luxo a preços de amigo e offshores metidas pelo meio, e por aí fora».
«Os socialistas, com excepções aqui e ali, passaram a ser impressionantemente cobardes e incapazes de afrontar o chefe».
«No dia em que for humilhado, é evidente que não lhe restarão quaisquer amigos. E a maior parte dos auto-amordaçados de hoje virão a terreiro afirmar que já diziam tudo isto há muito tempo. Será mentira: dizer diziam. Mas diziam muito baixinho».
(Excertos do editorial de Ana Sá Lopes, no jornal «i» de ontem)
Sócrates não vive num mundo irreal. Parece mesmo muito estúpido dizer isto mas na verdade, na realidade há muitos Portugueses que vão votar nele e isso será real. Talvez outra característica dos Portugueses é que sejam masoquistas…
Concordo com o Jorge. Temos apenas o que o nosso sistema político escolheu. Com um povo que não se mobiliza para escolher o seu líder, ficou o que representa a maioria dos eleitores que foram votar, alguém que quer comprar coisas que estão na montra, mas como estava com os bolsos rotos, foi arranjar com falinhas mansas. Espero sinceramente que a ultima sondagem que dava maioria ao PS seja um jogo sujo político e não retrate verdadeiramente o povo, caso contrário constatamos é que quem é burro é o povo!