O sentido etimológico da palavra «ministro» é a de servo ou servidor, executante de acções que visam o bem da coisa e da causa pública. Quando alguém é Primeiro-Ministro de um país, deve ser, pela lógica, o melhor servidor da causa pública. E ser o melhor servidor da causa pública não significa apenas tomar as medidas que se entendem necessárias para o melhor do país. Significa também dizer a quem se serve o que se vai fazer. Sócrates, hoje, fugiu. Outrora, António Guterres deu a cara pelo «pântano» a que o país tinha chegado, seguindo a linha de um Governo que, dentro do razoável, foi sempre assumindo os seus erros. Hoje, José Sócrates aproveitou a desculpa de estar ausente do país para que um outro ministro nos avisasse de que o aperto vai aumentar. Os juros da dívida pública disparam para máximos históricos, e, soubemos hoje, o famoso «PEC» já não basta. É preciso apressar as coisas. Hoje soubemos que os pensionistas que recebem mais de 1500 euros vão sofrer cortes de cerca de 5%. Números redondos, estamos a falar de cerca de 180 mil portugueses. Quem nos devia servir, resolveu avançar sem nos «passar cavaco». Nem a nós, nem ao Presidente da República, nem aos partidos da oposição, nem aos parceiros sociais, nem tão pouco aos restantes ministros. Fosse por ter de ser, fosse porque as contas não deram certo, o mínimo que deveria ter acontecido era termos sido informados disto por quem de direito. Estes senhores já não nos servem. Porque não são verdadeiros ministros. Porque não servem a causa pública. Porque, a maioria de nós, já não os quer ao serviço.