4 de Fevereiro de 2011 – A guerra

A guerra é como uma discussão entre dois idiotas. Discutir com idiotas, idiotiza. Isso é, muito basicamente, a guerra. Por muita razão que se tenha, quando uma vida tira outra vida, e outra, e outra, e quando quem manda resolve matar por antecipação, isso é guerra. Isso é idiota. E foi nessa idiotice que Portugal embarcou há precisamente 40 anos, longe de saber que iria abrir a maior e mais profunda ferida que se poderia imaginar, uma ferida que talvez nunca se consiga sarar. País pequeno, em território, gentes e desenvoltura intelectual, oprimido, vivendo mais liberto nas colónias que na metrópole, não houve braços para escapar ao atoleiro, porque os que teriam mais força estavam, precisamente, atolados. Há muitas histórias e muitos pontos de vista sobre a guerra colonial, a vida nas colónias, a descolonização e tudo isso. Todas válidas, todas com e sem razão. Pouco importa. Apenas temos uma certeza. Há precisamente 40 anos iniciámos, provavelmente, uma das acções mais idiotas da nossa história. A guerra.

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