Com o fim do abismo cada vez mais próximo, parece inevitável que se vá abandonando o que é (pelo menos aparentemente) supérfluo e desnecessário. Assim sendo, vai sendo tempo de abandonarmos a cultura. Porque, ao contrário do que nos dizia a Ministra, no início do mandato, a cultura não nos vai ajudar a salvar da crise. A cultura é, para quem governa, um gasto. É um entretenimento. É um palco dentro de um palco, para passear vaidades. É uma montra. Abandonemos, portanto a cultura. Comecemos por deixar de parte os eventos marcantes e importantes para a elevação do espírito. Passemos depois pelos cortes na cultura que é levada ao chamado «Portugal profundo», e abandonemos também essa gente, deixando-os sem qualquer oferta de nível. Progressivamente, vamos secando as fontes de sobrevivência do movimento associativo. Não percamos tempo, e escondamos as nossas misérias dentro das nossas quatro paredes. Não abandonemos o futebol. Mas abandonemos a cultura.