Há quem diga que o Governo aproveitou o facto de os portugueses estarem «distraídos» com a vinda do Papa para mexer nos impostos e anunciar cortes. E é possível, embora possamos reconhecer que é, também, de certa forma, inevitável. Preparemo-nos, porque a histeria dos cortes vai alastrar-se. Vão apoderar-se de nós como uma praga. E vão fazer-se sentir naquilo que poderia ajudar-nos a ganhar auto-estima, naquilo que poderia contribuir para nos envolvermos socialmente, naquilo que nos poderia proporcionar enriquecimento cultural. Desenganemo-nos, é na cultura (e, por inerência, no turismo) que vamos ter cortes. E isso são más notícias. Porque se é por aí que estamos a estruturar o nosso desenvolvimento, vemo-lo, agora, esfumar-se, esvair-se na rota das estradas por construir. Depois de nos negarem acessos de alcatrão, vão, agora, aos poucos, negar-nos também o acesso à cultura.