21 de Abril de 2010 – Sampaio está indignado

Jorge Sampaio pôs o dedo a fundo na ferida das desigualdades sociais. Há escolhas que se fazem, normalmente para ganharmos menos. Mas o prémio chorudo oferecido a gestores públicos incomoda, e incomoda muito. É muito dinheiro, quando muita gente ganha pouco. Na Assembleia da República, Inês de Medeiros viu aprovada a sua elevação a estatuto de deputada emigrante, recebendo ajudas de custo por, alegadamente, morar em Paris, apesar de ter sido candidata por Lisboa. O FMI continua a pairar no ar, numa altura em que a Grécia, para onde vamos olhando à medida que chegamos ao abismo,vai de mal a pior. E Sampaio está indignado, e com razão. É-se político (ou gestor público, tanto faz) por escolha, sabendo-se das vantagens e desvantagens antes de se aceitar. Mas olharmos para o lado, e vermos alguém exactamente igual a nós chegar a um nível salarial e de regalias para o qual teremos de viver quase 100 anos para atingir, dói. Muito.

«Deve ser difícil ao trabalhador de uma grande empresa pensar que deu o seu contributo honesto para o produto final anual e ao mesmo tempo ter a noção que houve alguém premiado a um montante tal que ele levaria 96 anos da sua vida a ambicionar lá chegar»

(Jorge Sampaio, num debate na Fundação Mário Soares)

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