11 de Março de 2010 – O problema da arte, segundo José Gil

José Gil, ensaísta, filósofo, professor, autor do famoso livro «Portugal, o medo de existir», proferiu ontem a sua última lição na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O principal «problema» de José Gil é que cada frase que diz é demasiado rica em conteúdo, e torna-se muito difícil destacar o que quer que seja, sem destacar tudo. Apesar disso, embora o professor tenha partido da vertente cada vez mais globalizante da sociedade, é importante notar a sua reflexão sobre a arte. Temos, segundo José Gil, um espaço público praticamente inexistente, acrítico, desinteressado, individualista. E isto não faz mais do que responsabilizar quem tem de programar a oferta. Se as dificuldades já existem, e não são poucas, «abandonar» a cultura é contribuir activamente para, de forma progressiva, passarmos a uma espécie de «insulto intelectual».

«Temos muito bons artistas, mas o nosso espaço público não lhes dá suficiente importância. (…) Não há alcance precisamente porque não há espaço público. (…) É uma coisa confrangedora como é que em Portugal as pessoas pensam sempre sozinhas. (…) Na formação da inteligência múltipla, múltipla nas suas expressões, há uma inteligência que só a arte nos dá e que é fundamental (…) Numa cidade inteligente, a arte existe e o discurso artístico atravessa esse espaço independentemente dos interlocutores, atinge as pessoas, incluindo as que não pensam nisso».

(José Gil, na sua última aula na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa)

One thought on “11 de Março de 2010 – O problema da arte, segundo José Gil

  1. Li o livro dele e de facto acontece o que descreveste: “O principal «problema» de José Gil é que cada frase que diz é demasiado rica em conteúdo, e torna-se muito difícil destacar o que quer que seja, sem destacar tudo.”

    Que nos põe a pensar põe…

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