Afinal não é só onde se está a aprender a fazer cultura que estas coisas acontecem. Em pleno Panteão de Roma, dois ciosos funcionários mandaram terminar um concerto, quando ainda faltavam alguns minutos para a hora marcada. Os músicos ficam, inicialmente baralhados, do público grita-se «vergonha», esboçam um recomeço, mas há alguém que vem, de forma ainda mais enérgica, mandar retirar. As mais altas instâncias italianas já ordenaram a abertura de um inquérito. É nestas alturas que quem se dedica à música sente o que de pior se pode sentir: uma profunda ingratidão e desrespeito pelo trabalho minucioso, quotidiano, às vezes sofrido, para que, muitas vezes em breves minutos, a música soe como deve soar. É que, apesar de se tratar de uma arte do efémero, raramente se percebe (e valoriza) o trabalho que está por trás daquela fluidez com que um músico expõe os seus sons. Muitos acompanham, diariamente, os treinos dos «craques» do seu clube, para, ao domingo, verem os falhanços de baliza aberta. Pois bem, os músicos também «treinam» (e muito) todos os dias. Só que não se podem dar ao luxo de falhar «penalties».
É realmente uma vergonha que assim se interrompa o trabalho dos outros. Nunca tinha visto nada parecido… mas, se calhar, sou eu que saio pouco…
Abraço amigo