Afinal, Aveiro também elegeu deputados. Até ontem não havia tanta certeza, tal era o silêncio ensurdecedor com que passavam completamente ao lado dos problemas da região em relação à qual assumiram compromissos. Mas afinal não, os ciosos e empenhados deputados afinal trabalham, mesmo que lá longe, desterrados, coitados. E eis senão quando, agastado, na sua tremenda ira, o deputado Paulo Cavaleiro ergue o dedo em riste, e denuncia a «propaganda política do Partido Socialista no distrito de Aveiro», que trouxe José Sócrates a Arouca para anunciar que, afinal, iríamos ter estrada. E mais, diz a notícia que o deputado «procurou esclarecimentos sobre quais os critérios que iriam definir a concretização das obras anunciadas para a concessão do Vouga». Mas «cadê» as conclusões? Onde estão as respostas? Ou é isto mais um daqueles «anúncios de graça»?
Quem leu «A Queda de um Anjo», de Camilo Castelo Branco, conhece bem o dilema em que vivem estas gentes que, desterradas da sua «aldeia», depressa se inebriam com o cosmopolitismo da cidade, ao ponto de esquecerem que têm raízes em algum lado que não ali. E esta «novidade» é tão interessante quanto o facto de o Eurostat dar conta de que a região de Lisboa tem um PIB por habitante de 105%, ultrapassando a média europeia, quando o Norte tem apenas 60% (dados de 2007). Não restam dúvidas de que o horizonte fica cada vez mais perto de Lisboa, e esse Portugal profundo, que, talvez por uma réstea de pudor, não chamam de «parolo» ou «saloio», cá continua. Cada vez mais «orgulhosamente só».
Sou parolo e saloio….e bimbo
Com muito gosto.
Só não gosto que me chamem “cubano” ou “siciliano”,
também nunca li nada acerca disso mas presumo que não é boa coisa
ser assim chamado – bom eles lá sabem e, há até alguns que poderiam ir fazer umas acções de formação lá pra essas bandas, ao abrigo de um qualquer protocolo…