Esperemos, de facto, que esta seja uma noite silenciosa. Que se silencie, finalmente, a febre das prendas e das compras e dos gastos. Que se regresse à família, à casa, ao quente. Não é fácil, porque a agressividade é cada vez maior. Mas consegue-se, porque, no final de contas, basta pensarmos que hoje se comemora a vinda de uma criança. Que precisa de tudo, de todos para crescer e viver. Reconhecida, na altura, apenas pelos mais pobres dos pobres. Acredite-se ou não, se se conseguir operar o milagre de deixar para trás a vertente consumista da coisa, o Natal até tem sentido. Até tem sentimento. Basta procurá-lo, e encontrá-lo. Porque não há forma de o comprar em parte nenhuma.
«Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: ‘Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura’. Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: ‘Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados’».
(Lc 2, 1-14)