Já é Natal. Não o Natal, mas aquele Natal da música, das prendas, da árvore, dos centros comerciais, do Pai Natal, dos desejos dos brinquedos último grito. Não o Natal de um menino que, destinado para ser rei, escolheu nascer «numa cova», em Belém, despojado de tudo que não fosse a sua própria vida, que, dizem e nós acreditamos, ofereceu por nós. Mas os cristãos sabem (ou deveriam saber) que ele virá. Ele vem, como dizia João Baptista, para limpar a sua eira, recolher o trigo no celeiro e queimar a palha num fogo que não se apaga. Mas nós andamos demasiado distraídos com este ambiente natalício artificial, e corremos o risco de não o ver, no rosto de quem sofre, na casa de quem não tem o necessário para comer bem, na pele de quem não tem a roupa adequada para o frio deste Inverno. Resta-nos a certeza de que Ele virá. E, nessa altura, na cabana do presépio, na pureza e simplicidade de uma criança, teremos todo o mundo resumido no acto de «dar à luz». Porque, afinal, somos chamados a ajudar a «dar à luz» um mundo novo.
«Naquele tempo, as multidões perguntavam a João Baptista: ‘Que devemos fazer?’. Ele respondia-lhes: ‘Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo’. Vieram também alguns publicanos para serem baptizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes: ‘Não exijais nada além do que vos foi prescrito’. Perguntavam-lhe também os soldados: ‘E nós, que devemos fazer?’. Ele respondeu-lhes: ‘Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo’. Como o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: ‘Eu baptizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga’. Assim, com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».
Lc 3,10-18