Hoje começo o meu primeiro curso de direcção de orquestra, embora apenas como «estudante», com o eminente maestro Ernst Schelle, em Aveiro. Fruto das mudanças recentes, por causa das obras lá em casa, e para estar em «perfeita forma» para o arranque de mais esta aventura, levantei-me cedo e resolvi ler o jornal. Sorte das sortes, ou azar dos azares, cruzei-me com o artigo semanal de Pacheco Pereira, no «Público». Confesso que já não o fazia há algum tempo, mas achei que valeu a pena. Começando a «história» pelo fim, Pacheco Pereira começa por lançar a questão acerca da responsabilidade «partidária» pelos crimes que os seus dirigentes terão cometido. E mais ou menos a meio, há dois parágrafos, quanto a mim, cruciais, e que não resisto a partilhar, para reflexão acerca da razão pela qual a política deixou de ser interessante e até mesmo verdadeira, muito fruto do que os seus protagonistas vão fazendo com ela, ou à custa dela. Entretanto, vou continuar a aprender a dirigir uma orquestra…
«No actual estado de degradação das estruturas partidárias, em que a militância desinteressada e a adesão político-ideológica é quase irrelevante em relação à carreira aparelhística, os partidos no seu interior são verdadeiras escolas de tráfico de influências, de práticas pouco democráticas, como os sindicatos de voto, de caciquismo, de fraudes eleitorais, de corrupção. É duro de se dizer, mas é verdade e nessa verdade paga o justo pelo pecador.
Um jovem que chegue hoje a um partido político por via das “jotas” entra numa secção e encontra imediatamente um mundo de conflitos internos em que as partes o vão tentar arregimentar. Ele pode esperar vir para fazer política, mas vai imediatamente para um contínuo e duro confronto entre uma ou outra lista para delegados a um congresso, para a presidência de uma secção, para uma assembleia distrital, em que os que lá estão coleccionaram uma soma de ódios. Ele entra para um mundo de confrontação pelos lugares, que se torna imediatamente obsessivo. Não se fala doutra coisa, não se faz outra coisa do que procurar “protagonismo” e “espaço político”».
José Pacheco Pereira é sem duvida um daqueles politicos que combate a corrupção. São destes homens que Portugal precisa para que a democracia seja de facto uma realidade neste país.