Não me agrada muito a ideia de ter um «blogue» que apenas faz «colagem» de textos de outros, sem mais nem menos. Mas, deparando-me com esta página, foi impossível ficar-lhe indiferente ou sequer pensar em «amputá-la». Ela merece ser lida na íntegra, meditada, relida, guardada como preciosidade. Trata-se de uma definição de «Música» que Fryderyk Chopin escreveu no seu «Esquisses pour un méthode de Piano», um método em que trabalhou, mas que não é muito conhecido, pelo que se sabe. Tal como a sua música, a definição é sublime.
Diz-se, com razão, que o objectivo da música é a emoção. Nenhuma outra arte acorda duma forma tão sublime o sentimento do humano nas entranhas do homem; nenhuma outra arte pinta assim aos olhos da alma os esplendores da natureza e as delícias da sua contemplação, o carácter dos povos e o tumulto das suas paixões e a languidez do seu sofrimento. O pesar, a esperança, o terror, o recolhimento, a consternação, o entusiasmo, a fé, a dúvida, a glória, a calma, tudo isso e mais ainda, a música nos dá e nos volta a tirar, ao sabor do seu génio e de acordo com o alcance do nosso. Ela cria até o aspecto das coisas e, sem cair nas puerilidades dos efeitos de sonoridade, nem na estreita limitação dos ruídos reais, faz-nos ver, através dum véu diáfano que os engrandece e diviniza, os objectos exteriores para onde transporta a nossa imaginação. Certos cânticos farão surgir perante nós os fantasmas grandiosos das antigas catedrais, ao mesmo tempo que nos farão penetrar no pensamento dos povos que as construíram e que nelas se prostraram para cantarem os seus hinos. Para quem souber exprimir poderosa e ingenuamente a música dos diversos povos, e para quem souber escutar como convém, não será necessário dar a volta ao mundo, visitar as diferentes nações, entrar nos seus monumentos, ler os seus livros e percorrer as suas estepes, as suas montanhas, os seus jardins ou os seus desertos. Um canto judeu bem entoado faz-nos penetrar na sinagoga; numa verdadeira ária escocesa está toda a Escócia, assim como numa verdadeira ária espanhola está toda a Espanha. Desta forma, estive muitas vezes na Polónia, na Alemanha, em Nápoles, na Irlanda, na Índia e conheço melhor esses homens e essas regiões do que se os tivesse estudado durante anos. Bastava um instante para me transportar para essas paragens e para aí viver toda a vida que as anima. Era a essência dessa vida que eu assimilava sob o sortilégio da música.
Maravilhosa definição.
Obrigada por te lembrares de a partilhar connosco…
Quem ama a música sabe que é assim, sente assim.
É uma arte que nos “alimenta”.
Fica bem, Abraço
É mesmo… é uma definição clara e bonita… muito bem… gostei.