As sondagens são o que, em muitas eleições, mais ajudam a decidir um resultado. Seja porque influenciam os indecisos, porque produzem efeitos colaterais nas opiniões públicas e nos «opinion makers», porque condicionam estratégias de campanha, etc., etc. Contudo, o que raramente se questiona é a forma como elas são conduzidas. Já nos perguntámos o que é que se pergunta, a quem se pergunta, como se pergunta, quanto se pergunta? Há imensas condicionantes que envolvem estes trabalhos, e que fazem com que, muito frequentemente, eles sejam muito pouco representativos do que realmente se pensa. O que é facto é que apenas uma sondagem (apenas uma) acertou na vitória do PSD, ao passo que todas as outras davam ao PS uma vitória mais ou menos clara, mas sempre uma vitória. Mas não foi o que aconteceu. É caso para voltarmos a colocar as questões dos «porquês». Para além da derrota do PSD, houve quem previsse o quase desaparecimento do CDS, e talvez quem fizesse com que, dada a solidez que o PS apresentava, muitos ficassem em casa, em vez de depositarem o seu voto nos socialistas. Ninguém pode dizer ao certo, mas o que é facto é que o que mais houve foi quem se enganasse. E muito pouca gente pensou sobre isto.