Ontem já se falava, mas hoje parece que acordámos todos de ressaca e com a verdadeira noção da barbaridade de dinheiro de que se fala quando se fala sobre a transferência de Ronaldo para o Real Madrid. Verdadeiro «passe de mágica» de Florentino Perez, que já estipulou em quanto tempo irá recuperar o investimento no mais recente «galáctico». Os jornais de hoje fizeram as suas contas. Dá qualquer coisa como 18 euros por minuto. É, podemos dizê-lo, um absurdo. Mas, voltando ligeiramente atrás, o retorno já está planeado. Direitos televisivos, direitos de imagem (fala-se que o jogador dará 40% das suas receitas de imagem ao clube), vendas de «merchandising», etc. «Na vida anterior» à frente do clube, Perez «tirou um coelho da cartola» parecido: contratou Beckahm por 35 milhões de euros, conseguindo um retorno de 400 milhões. Cavaco Silva (e bem, pelo menos no domínio das palavras) já felicitou o jogador, mas disse que preferia ver Portugal reconhecido por outras coisas que não estritamente pelo mundo da bola.
No mesmo dia em que isto acontece, ficamos a saber que houve derrapagens no valor de 241 (duzentos e quarenta e um) milhões de euros em apenas 5 (cinco) obras públicas. Isto significa que houve desvios entre 30 (trinta) e 235% (duzentos e trinta e cinco por cento). Casa da Música (235,3% a mais), Ponte Rainha Santa Isabel (117,6% a mais), túnel do Terreiro do Paço (59,1% a mais), ampliação do Aeroporto Sá Carneiro e reabilitação do Túnel do Rossio (30% a mais, em ambas), deveriam ter custado 401 (quatrocentos e um) milhões de euros, mas acabaram por custar mais de 726 (setecentos e vinte e seis) milhões. É um facto que precisávamos destas infra-estruturas, que hoje nos são extremamente úteis, que adoramos usufruir delas. Mas podíamos ter ficado a saber, logo de início, quanto iam custar. Somos assim tão maus em contas? Mas afinal o que é isto?