22 de Maio de 2009 – João Bénard da Costa

joao-benard-da-costaA notícia já é de ontem, mas continua a assustar, porque chegamos à conclusão que, aos poucos, «a história vai desaparecendo», e a memória, as rédeas, o mundo vão ficando, cada vez mais, nas nossas mãos, e nós entregues a nós mesmos. Assim sucede com o desaparecimento de João Bénard da Costa. Indissociável da Cinemateca Portuguesa, da história do cinema português, da divulgação do cinema em Portugal, deixa-nos agora um percurso difícil de igualar. Nos últimos tempos, eram as suas crónicas, sempre num registo muito pessoal e peculiar, que continuavam a «dar um ar da sua graça». Mas o cinema, sempre o cinema, é a arte que melhor personificou. Agora é tempo de fazer memória.

«Corria branda a noite. Imerso em funda mágoa, fui assentar-me triste e só… Não, não foi no meu jardim que eu me assentei em tal estado, que não sou judeu como a lírica heroína do esfrangalhado Tomás Ribeiro (hoje, mais célebre pela rua do que pela justiça de Castela de Don Martinho d’Aguilar, poema que deu origem a tantas variantes obscenas, irreprodutíveis em jornal que se preze) nem o frio que faz convida a passar noites em jardins. Onde eu me sentei assim foi num maple que em cada casa assinala o lugar do pater familias e que não falta na minha».

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *