O Porto tem esta coisa de, com muita facilidade, nos adoptar. Há uma espécie de «química», que nos atrai, passado algum tempo de convivência com a cidade. Até à Capital Europeia da Cultura, o Porto tinha uma dinâmica cultural diferente, interessante, em crescendo. Tudo, de alguma forma «explodiu» em 2001, acabando quase apenas por restar a Casa da Música. Em boa parte, isto deve-se, para o melhor e para o pior, ao presidente da Câmara Municipal, Rui Rio. Rui Rio tem uma forma muito peculiar de estar no meio político, talvez uma certa herança «tecnocrática» do cavaquismo. Comprometeu-se a eleger o social como primeira prioridade, e cumpriu. A cultura acabou por ficar para segundo plano, mas a cidade encontrou outras dinâmicas, formas alternativas de fazer coisas. Agora, Rio é recandidato, e não tardou a «colocar o dedo na ferida» da candidatura adversária. Ficam algumas frases, que dão que pensar, e que caracterizam esta forma de ver o Porto que Rui Rio tem defendido.
«O Porto tem de ser tratado com honra e com respeito».
«O Porto é uma cidade de honra, de carácter e de palavra».
«Quem se candidata ao Porto com um pé cá e outro lá [em Bruxelas], em boa verdade, não é em Bruxelas, mas sim aqui que apenas vem dar o nome. Assim é que é dita a verdade. Quem não põe o Porto, e só o Porto, em primeiro, realmente, só cá vem dar o nome».
«Sou candidato ao Porto e só ao Porto. Não sou candidato nem ao Parlamento Europeu, nem à Assembleia da República. Não estou com um pé cá e outro lá. Estou, como sempre estive, com os dois pés bem assentes no Porto».
«Uma eleição é um compromisso sério e importante com os cidadãos».
«Não nos podemos candidatar a eleições da mesma forma que nos candidatamos a um emprego através de anúncios nos jornais. É compreensível que quem quer um emprego responda a diversos anúncios. Mas não é democraticamente aceitável que alguém se candidate a diversas eleições ao mesmo tempo. Concorrer a uma eleição não é a mesma coisa que responder a anúncios de jornal para se tentar obter o melhor lugar possível. Concorrer a eleições é assumir o compromisso de servir, sem duplicidades, quem em nós confia o seu voto».
«Os portuenses sempre explicaram ao longo da sua história que não admitem que o Porto seja tratado como qualquer apeadeiro».