Jorge Sampaio «acordou» hoje o país com uma ideia que muitos consideraram perturbadora, outros preferiram esperar para depois chamarem perturbadora, e outros ainda estiveram à espera de clarificação, para arranjarem argumentos para provarem que era perturbadora. Dando eco da entrevista que o ex-Presidente da República deu ao «Diário Económico», a TSF abriu o debate aos ouvintes e resolver «apalpar o pulso» ao «Portugal Real» acerca de um hipotético regresso ao «Bloco Central». «A crise e os desafios com que o nosso país se confronta exigem alguns consensos transversais inter-partidários sob pena de Portugal se tornar ingovernável», recorrendo-se, se necessário, segundo Sampaio, à «possibilidade de um Bloco Central, se não houver outra solução». Para Sampaio, a crise não é conciliável com maiorias relativas que não garantam estabilidade e governabilidade com um rumo bem definido. Aliás, fez questão de relembrar que o «Bloco Central» que governou Portugal entre 1983 e 1985 teve os seus méritos, ajudando Portugal a sair da crise em que, então, estava mergulhado. Depois de pensarem mais ou menos, o PS fez saber que essa possibilidade é «remota», o PSD que é «inviável» e o Bloco de Esquerda que seria «a pior de todas as soluções».
O dia terminou com a notícia da morte de Vasco Granja. Responsável pela introdução do termo «Banda Desenhada», deixou-nos aos 83 anos, depois de um intenso trabalho de divulgação do cinema de animação e da banda desenhada, sobretudo dos chamados «países de leste». Quem se recorda dos seus programas e das suas propostas, sabe que o imaginário que Vasco Granja conseguiu povoar nunca mais foi o mesmo. Vai fazer falta esta visão «pedagógica» e de «mensagem» na televisão nacional, passando, agora, a reinar uma espécie de desenhos animados cuja qualidade, comparada com as propostas de Granja, deixa muito a desejar. Seria mais do que justo que a RTP promovesse, embora, agora, já tarde, um regresso a este passado, do qual muitos de nós vão ter, por certo, a partir de hoje, ainda mais saudades.