A nossa vida quotidiana corre como o carro desgovernado que matou cinco pessoas e tinha como alvo o autocarro da Rainha da Holanda. O tempo corre freneticamente, os problemas surgem de forma avassaladora, corremos, corremos e não chegamos a lado nenhum. Andamos mal-dispostos. Irritados. Cansados. Depois, agimos muitas vezes sem pensar, e deixamos os nossos carros desgovernados, atropelando quem se interpuser, até chegarmos ao objectivo, que, também muitas vezes, falhamos. E isto, queiramos ou não, sobrepõe-se a qualquer 1 de Maio «convencional».
É um pouco por tudo isto, que ajuda à «inexplicabilidade» do que se passou ontem na Holanda, que as primeiras páginas dos jornais de hoje trazem fotografias aterradoras. Porque mais do que retratarem o que, de facto, se passou, nos questionam da forma mais brutal possível sobre onde vamos parar. Porque, a este ritmo, acontecerá às nossas vidas mais ou menos o que aconteceu ao homem que, sem qualquer razão aparente nem antecedentes criminais, «varreu» a vida de cinco pessoas de uma forma desgovernada, para tentar atingir quem o governa. É aí que vamos parar?