21 de Abril de 2009 – De como o público pode ser perverso

susan-boyleSusan Boyle é a mais recente «estrela» do mundo do audiovisual, depois de ter concorrido ao «Britain’s Got Talent» e de ter deixado toda a gente (júri, público e telespectadores) absolutamente siderados. Ao chegar ao palco, Susan foi respondendo, no seu estilo mais ou menos desajeitado e quase «simplório», às perguntas que lhe foram fazendo, e logo as reacções foram adversas. Imbuídos de um snobismo e um cinismo que nos são mais ou menos normais, os que a viam e ouviam pensavam tratar-se de mais uma «bimba» que ia dar um qualquer espectáculo deprimente. Nada mais errado.

Mal atacou as primeiras notas de «I Dream a Dream», do musical «Les Misèrables», de Carl-Michel Shönberg, a atitude foi mudando. No final, foi a própria Amanda Holden, membro do júri, que verbalizou o que acabara de se passar. «Ao fim e ao cabo, estávamos todos a rir-nos de si e a ser uns grandes cínicos». Mas a voz de Susan Boyle tratou de colocar as coisas em outro ponto. Em poucos minutos, perante o público, passou «de besta a bestial», da mesma forma que poderia ter sucedido exactamente o contrário. Há, em geral, duas lições a retirar. Uma, é a de não se fazer julgamentos precipitados «a priori», porque se corre seriamente o risco de errar. Outra é a de que o público é absolutamente perverso. Consome o que lhe é dado e reage frequentemente de forma instintiva e raramente de forma racional.

Paul Potts, que era um tímido funcionário de uma seguradora e que poucas palavras emitia, «trucidou» o público com a sua voz de tenor, que, aparentemente, poucas vezes tinha usado. Agora, com Susan Boyle, que vivia quase apenas para cuidar da mãe, acontece mais ou menos o mesmo. Quando se depende da aprovação de uma «massa» com as características deste «público», essa entidade pouco clara, as coisas complicam-se. Mas estas «histórias de sucesso» servem, pelo menos, para dar que pensar.

2 thoughts on “21 de Abril de 2009 – De como o público pode ser perverso

  1. Histórias como estas são realmente de ARREPIAR!
    Concordo contigo. O público consegue ser muito perverso e cruel, mas é precisamente por isso que existem estes talentos ocultos, para os fazer reflectir que nem tudo são aparências e que não somos ninguém para criticar seja quem for.
    Estes casos servem para pensar e reflectir sobre nós próprios…
    Deus escreve direito por linhas tortas!
    Vou reflectir mais um pouco…
    Saúde.

  2. Fantástico! Que grande lição! Mas gostei da frontalidade dos apresentadores em assumirem o que todos viram! Dá realmente que pensar que os tesouros estão por vezes camuflados desta maneira genuína… Obrigada!

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