Um estudo recente conclui que, enquanto lemos, não estamos a desenvolver uma actividade que, à partida, poderia parecer monótona e passiva. O que este estudo nos diz, é que, enquanto lemos, o nosso cérebro está a criar uma imagem de cada novo quadro que nos está a surgir. Cada estímulo aos sentidos, cada sugestão de movimento, som ou sabor estimula precisamente as mesmas partes do cérebro que são estimuladas quando verdadeiramente o fazemos.
A leitura é um pouco como os afectos. Aparece-nos, entra-nos pelos olhos, pelas mãos, pelos sentidos dentro sem pedir licença. Umas vezes, insistimos, e não entramos. Outras, viciamo-nos. Outras, ainda, reencontramos antigas «separações», e reconciliamo-nos rapidamente. É uma espécie de um percurso paralelo, que nos leva tão longe que nem sequer desconfiamos que, cada vez mais, nos aproxima de nós mesmos.