8 de Fevereiro de 2009 – A Escola de Sagres não existiu

sagres

O que a História tem de assustador são coisas como esta. De repente, alguém nega algo, reformula algo, acrescenta ou retira algo. A História é, muitas vezes, construída com base nos mitos de cada nação, uma forma de «enformar» o povo, de o exaltar, de recriar esses mitos, de produzir ideologia, sobretudo quando os factos são mais recentes. O tema não é novo, mas Fábio Pestana Ramos, historiador brasileiro, troxe-o, de novo, para a discussão. Segundo o estudioso, não há suportes documentais que sustentem a existência de qualquer escola em Sagres. Mais, tratar-se-á de um mito, uma «construção romântica» da identidade portuguesa. A única referência a qualquer coisa semelhante com edifícios naquela zona, seriam de um pirata inglês, e vindo desta gente deve ser de desconfiar.

Pelo meio da tese deste estudioso brasileiro, há algumas ideias interessantes, como a de que o Brasil não era propriamente um paraíso, antes um desterro. Há também relatos de como se vivia a bordo dos navios portugueses, de como se processava o «choque de civilizações», e até mesmo a tese de que o Brasil não terá sido descoberto por Cabral, mas por Bartolomeu Dias ou outro navegador.

O debate foi lançado por uma peça da Lusa que o jornal «Público» tem disponível online. O meu maior receio é que as investigações prossigam até um ponto de se chegar à conclusão de que Portugal não existe.

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